sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Estilo ou doutrina?

Como vocês já devem ter percebido, além da questão do design e da beleza, uma coisa que eu acho fascinante na indústria da moda é como ela é capciosa. Transforma o inimaginável em desejo (oi, clogs?) e depois quase o proíbe – criando, assim, um ciclo que, além de refreshing, leva a compras sem fim. Como bem definiu a Coco Chanel, as coisas entram na moda para saírem. E nós, aqui, claro que somos vítimas. Em diferentes graus, mas indiscutivelmente somos.
Toda essa reflexão talvez muito pé no chão para o glamour do baile MET ou o quanto pre-ci-sa-mos de uma Alexa da Mulberry é para nos abastecer de bagagem para discernir: o que é estilo, o que é vômito de tendências e, afinal, o que é fashion victim?
Já estou numa idade(zinha) que não é legal entregar quando eu era adolescente, mas se to na chuva é para me molhar, certo? Na década de 1990, mais ou menos entre 92 e 95 se não me engano, existia uma moda mais fechada para as adolescentes – provavelmente pelo menor número de estímulos, leia internet, a gama de opções era menor.




Na época em que todas sonhavam ser amiga da Cher de Patricinhas de Beverly Hills ou pelo menos ter o seu closet fenomenalmente automatizado, era u-ni-for-me (real ou de desejo): calça legging, roupas da “Polo” (Ralph Lauren), bolsas de saco / mochila Victor Hugo ou Louis Vuitton, celulares tijolo ou o mais modernoso Star Tac, Ked’s, tênis “açougueiro” Les Filós.
Enfim, uma moda difícil de compreender nos dias de muito recorte, modelagem lady e pedrarias/tachas/Swarovski. Cortes retos, masculino, influência grunge de Pearl Jam e Nirvana, deslumbramento com marcas “médias” americanas – como Ralph Lauren, Levi’s, GAP, Tommy Hilfiger – e algumas brasileiras, a.k.a. Les Filós e Guaraná Brasil.
Resumindo: uma época negra com zero consciência de moda e muita necessidade de uniforme de marcas para as adolescentes se sentirem mais seguras. Quem tem seus 20 e poucos (ou muitos!) anos e é de São Paulo vai entender exatamente: sábado à tarde no Shopping Iguatemi.


Tudo isso me faz pensar: hoje, com bombardeio de informações ecléticas e as santas lojas de fast fashion, seria impensável haver uniforme entre as adolescentes, certo? E, ainda, se elas não forem adolescentes e tiverem mais de 20 anos? Mais fácil ainda, se elas tiverem acesso a muitas, muitas opções?


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